terça-feira, 8 de maio de 2012

A HISTÓRIA COMO FONTE TERAPÊUTICA¹

CONTAR HISTÓRIAS É EDUCAR, abrir novos caminhos, não é uma prática inútil. Embora as histórias possam ser permutadas, situações em que duas pessoas as trocam entre si como uma dádiva de uma para outra, na maioria das vezes essas pessoas se conhecem bem; desenvolveram, se já não trazem consigo, uma afinidade ou um relacionamento fiel. É assim que deve ser.


Embora alguns utilizem as histórias apenas como divertimento, elas são, em seu sentido mais antigo, a arte da cura. Alguns são atraídos por essa arte terapêutica. Os melhores, a meu ver, são aqueles que se identificam com a história e a encontraram com todas as suas partes combinatórias no fundo de seu ser. Eles têm um conhecimento excepcional e inato sobre como identificar o remédio, como obter, preparar, aplicar, administrar, repetir a dose de tempos em tempos, e quando deixar de usá-lo.

Ao lidarmos com histórias, estamos lidando com energia arquetípica. Os arquétipos nos mudam e, se não houver mudança, não houve um verdadeiro contato com o arquétipo. A energia arquetípica recruta aquele que a manipula, requer alguma proteção psíquica e frequentemente impõe um descanso depois. Por isso, a narração de uma história é uma responsabilidade muito grande. Nos melhores narradores que conheço, as histórias brotam de suas vidas como as raízes brotam das árvores.

Nem toda história é terapêutica.


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¹ trecho colhido do livro Histórias Sagradas: Uma exaltação do poder de cura e transformação;  organização, Charles Simpkinson & Anne Simpkinson; tradução, Ione Maria de Souza;  Editora Rocco, Rio de Janeiro, 2002.

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