domingo, 4 de março de 2012

O LIVRO DAS EMOÇÕES¹



10 de junho
Não vou seguir a sugestão de Maurício. Não pedirei a ninguém para escrever por mim. Se Homero, cego como eu, pôde compor A Ilíada e A Odisséia, por que eu não seria capaz de escrever minha odisseiazinha particular?  (...)
27 de junho
O livro que pretendo escrever com base no meu velho diário fotográfico poderá ser considerado um álbum de minhas memórias sentimentais e incompletas, de uma época em que eu via, e via demais. Vou chamá-lo O livro das emoções.  A vida não se mede por minutos, nem memórias são escritas com a enumeração de tudo que se passa diante dos ponteiros do relógio. Aliás, uso um relógio sem ponteiros, que, tal como botões do rádio que vão direto às estações com melhor emissão, correm aos fatos que ainda fazem meu coração bater. Parodiando o poeta, penetro cegamente no reino das imagens. 


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   ¹JOÃO ALMINO. O livro das emoções.Rio de Janeiro:Record, 2008.

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