sexta-feira, 2 de março de 2012

A FORÇA DE UMA EXPERIÊNCIA¹



São José do Rio Pardo, 1950. Os ruídos de marretas e bigornas pareciam uma encantada melodia passeando pela intimidade dos meus ouvidos. Eu, um garoto magro, franzino, e inibido, espreitava, admirado, a intensa movimentação de cavalos puro-sangue e ferraduras incandescentes que saíam da forja.
São José foi onde o engenheiro Euclides da Cunha escreveu Os Sertões enquanto construía a ponte de aço sobre o rio Pardo em 1901. Todos os anos, de 9 a 15 de agosto, festejava-se o aniversário do grande escritor, reunindo pessoas de todo o Brasil, em vários tipos de competição que incluíam uma concorrida maratona intelectual. Era a famosa Semana Euclidiana.

(...)
Pedro era bem mais velho que eu e tinha uma experiência de vida admirável. O que ele dizia fazia muito sentido para mim, pois eram coisas que eu tinha visto em livros e de que os professores da escola não falavam. (...) Sentados em folhas secas sob árvores imensas que encobriam totalmente o céu, ele falava dos clássicos da Grécia. Gostava especialmente do Banquete, de Platão, com sua filosofia que sabia de cor e que me embevecia.



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¹ NUNO COBRA. A Semente da Vitória. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2004.

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